Movimentos cinematográficos | Buena Onda (anos 2000–2020)

Embora Buena Onda não constitua um movimento cinematográfico reconhecido por manifestos, escolas ou agrupamentos formais, o termo passou a ser usado em alguns círculos críticos e curatoriais para descrever uma sensibilidade estética e narrativa presente em partes da produção audiovisual latino-americana contemporânea, sobretudo em filmes independentes do Cone Sul e de áreas urbanas do México.

A ideia de Buena Onda, aplicada ao cinema, costuma referir-se a um estilo de representação do cotidiano marcado por leveza, humor discreto, fluidez improvisada e foco na dimensão afetiva das relações. Essa tendência aparece em obras que privilegiam experiências pessoais, sociabilidade jovem, trânsito entre espaços urbanos e observação de microconflitos sem dramatização excessiva.

Do ponto de vista técnico, a Buena Onda cinematográfica se expressa por:

  • Câmera móvel e discreta, frequentemente operada de modo naturalista, priorizando proximidade e espontaneidade;

  • Fotografia luminosa e pouco contrastada, aproximando a narrativa de ambientes domésticos e espaços públicos cotidianos;

  • Roteiros centrados em interações ordinárias, evitando estruturas dramáticas fechadas;

  • Atuações naturalistas, às vezes com improviso parcial, aproximando-se do registro documental;

  • Trilha sonora integrada ao ambiente social (música urbana, pop regional, sonoridades orgânicas usadas dentro da cena).

Narrativamente, a Buena Onda costuma evitar conflitos grandiosos, optando por pequenas histórias de amizades, deslocamentos pessoais e descobertas íntimas, situadas em contextos urbanos latino-americanos plurais. O foco está menos na crítica estrutural e mais na experiência subjetiva, distinguindo essa tendência de tradições politizadas como o Terceiro Cinema ou parte do Cinema Novo.

Filmes geralmente associados a essa sensibilidade incluem produções independentes argentinas e chilenas das décadas de 2000 e 2010, além de obras mexicanas sobre juventude urbana, embora a classificação varie conforme o crítico. Trata-se de categoria descritiva, não de escola: identifica recorrências de tom e abordagem, não um movimento organizado.

A Buena Onda cinematográfica pode ser vista, portanto, como uma etiqueta cultural útil para mapear transformações na forma como jovens cineastas latino-americanos narram a experiência cotidiana, aproximando ficção e observação social sem carga política explícita.

Referências
– Revista Punto Cine — Tendências latino-americanas contemporâneas: https://www.puntocine.lat/
– Observatorio del Cine Latinoamericano (OCLA): https://www.ocla.org/
– Latin American Film Commission Network: https://www.lafcn.org/

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