Entre as décadas de 1950 e 1970, o cinema japonês passou por uma renovação radical, marcada pela confluência entre crítica social, experimentação estética e abordagens narrativas que romperam com convenções morais tradicionais. Essa fase consolidou a reputação do Japão como um dos centros cinematográficos mais influentes do mundo.
Diretores como Akira Kurosawa promoveram uma aproximação entre épico e humanismo, utilizando enquadramentos dinâmicos e narrativas complexas para abordar questões universais em obras como Rashomon (1950) e Os Sete Samurais (1954). Yasujiro Ozu, por sua vez, explorou a intimidade familiar com rigor formal e minimalismo visual, destacando-se por seus enquadramentos estáticos e ritmo contemplativo, exemplificados em Contos da Tóquio (1953).
Kenji Mizoguchi caracterizou-se por dramas históricos elaborados, cuja narrativa é marcada por planos longos e composições cuidadosas, evidenciadas em filmes como Os Contos da Lua Vaga (1953). Na sequência, a New Wave Japonesa, liderada por diretores como Nagisa Oshima e Masahiro Shinoda, introduziu um cinema politicamente incisivo e visualmente ousado, que questionou normas sociais e estéticas em produções como O Império dos Sentidos (1976) e Assassinato (1964).
Este período também refletiu as tensões sociais e culturais do Japão pós-guerra, incorporando debates sobre modernização, identidade e memória histórica. A indústria cinematográfica passou por transformações estruturais que permitiram maior liberdade criativa, enquanto festivais internacionais reconheceram amplamente o valor artístico do cinema japonês.
Referências
Cinema of Japan – British Film Institute. https://www.bfi.org.uk
Richie, Donald. A Hundred Years of Japanese Film. Kodansha International, 2005.
Standish, Isolde. A New History of Japanese Cinema: A Century of Narrative Film. Continuum, 2006.
Bordwell, David. Ozu and the Poetics of Cinema. Princeton University Press, 1988.