Movimentos cinematográficos | Expressionismo alemão (décadas de 1910–1920)

O expressionismo alemão consolidou-se no cinema entre o final da década de 1910 e meados dos anos 1920 como uma resposta estética às tensões sociais e às transformações culturais do pós-guerra. Diferente do naturalismo então dominante, o cinema expressionista propôs uma linguagem que deslocava a representação objetiva do mundo para revelar estados psicológicos, conflitos internos e percepções distorcidas da realidade.

Do ponto de vista industrial, o movimento esteve associado ao fortalecimento de grandes estúdios, em especial a UFA (Universum Film AG), que se tornou um polo de produção e exportação cinematográfica na Europa. Registros da Deutsche Kinemathek indicam que, entre 1919 e 1926, a Alemanha figurou entre os maiores produtores de longas-metragens do continente, com circulação consistente em mercados internacionais, especialmente França, Reino Unido e Estados Unidos.

A linguagem cinematográfica expressionista caracteriza-se por cenários pintados e angulares, iluminação de alto contraste, enquadramentos oblíquos e atuações estilizadas. Esses recursos são evidentes em O Gabinete do Dr. Caligari (Robert Wiene, 1920), obra frequentemente citada como marco inaugural do movimento. Em Nosferatu (F. W. Murnau, 1922), a exploração da luz e da sombra amplia a dimensão psicológica do horror, enquanto Metropolis (Fritz Lang, 1927) articula arquitetura monumental, montagem rítmica e alegoria social em escala inédita.

Entre os principais cineastas associados ao movimento destacam-se Robert Wiene, F. W. Murnau, Fritz Lang e Paul Wegener. Seus filmes circularam amplamente em circuitos internacionais e retrospectivas já na década de 1920. Embora o sistema de premiações ainda fosse incipiente, Metropolis recebeu reconhecimento histórico posterior ao ser incluído no registro Memória do Mundo da UNESCO, em função de sua relevância estética e técnica (UNESCO).

Esteticamente, não há consenso absoluto sobre os limites do expressionismo alemão enquanto movimento coeso. Autores como Siegfried Kracauer e Thomas Elsaesser divergem quanto à abrangência do termo, alternando entre uma leitura restrita a poucos filmes altamente estilizados e uma compreensão mais ampla da experimentação visual. Apesar dessas divergências, o legado do movimento permanece central na formação do cinema moderno, especialmente nos gêneros de horror, noir e fantasia visual.


Referências

Deutsche Kinemathek – Museum für Film und Fernsehen
https://www.deutsche-kinemathek.de

British Film Institute (BFI) – German Expressionism
https://www.bfi.org.uk/features/german-expressionism

UNESCO – Metropolis and the Memory of the World Register
https://www.unesco.org/en/memory-world

Elsaesser, Thomas. Weimar Cinema and After
https://www.routledge.com/Weimar-Cinema-and-After/Elsaesser/p/book/9780415057732

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